Pep Guardiola ainda agora chegou à Premier League, e ao Manchester City, mas já está a fazer o que ainda não tinha sido visto pelas ilhas britânicas. Desde uma equipa que privilegia sempre um jogo de posse, de paciência, futebol apoiado, de passe curto desde o guarda-redes e a uma pressão incessante quando perdem a bola, Guardiola agora pede coisas diferentes aos seus laterais. Usualmente vemos os laterais, sejam direitos ou esquerdos, a jogar por fora, sempre orientados pelo corredor lateral a dar amplitude, largura e profundidade ao flanco, enquanto o médio-ala / extremo pode – ou não, dependendo depois daquilo que o treinador lhe pede – jogar mais entre-linhas e dando assim a linha para o lateral.
Pois bem, Pep Guardiola no seu Manchester City pede que os laterais sejam mais médios-interiores, em construção, e menos alas no momento ofensivo. É uma forma de jogar que já vem desde o Bayern, com Lahm e Alaba, até mais Lahm que jogava muito por dentro dado a sua enorme qualidade de interpretar o jogo e era ali, mais por dentro, onde o alemão podia exprimir com mais efectividade a sua criatividade. A ideia de Guardiola é simples, o que o catalão pretende é dar mais protagonismo aos seus extremos que têm muita qualidade no duelo individual (1×1) e as qualidades dos extremo que Guardiola teve desde que saiu do Barcelona, onde os extremos eram avançados, encaixam melhor partindo a jogar desde fora para dentro e não tanto o contrário. Dando eles a largura, os laterais juntam-se aos médios e assim continua a priveligiar o corredor central, mas em vez de ser os extremos a ocupar terrenos interiores, como é muito normal ver por esses relvados fora, é os laterais que o fazem. Uma inovação de Pep que, mais uma vez, demonstra que está um passo à frente dos restantes.
Quando se joga este tipo de partidas é sempre bom ganhar, mas o mais importante é a forma como se consegue a vitória. - Jorge Sampaoli.
Jorge Sampaoli chegou esta época à europa para treinar o Sevilla e promete muito bom futebol, pela forma como nos habituou a ver o seu Chile jogar e pela forma como se expressa e passa as suas ideias acerca do futebol cá para fora.
Na véspera da final da Supertaça Europeia - que por acaso até perdeu nos minutos finais - Jorge Sampaoli deixou bem claro que a vitória é muito importante, como é óbvio, mas mais importante que isso é a forma como se consegue chegar à vitória. O processo. E Jorge Sampaoli nisso deixou bem claro que a sua equipa, o Sevilla, vai ser uma equipa ofensiva e com um futebol de posse. Mas uma posse virada para agredir o adversário, com passes verticais, rápidas variações de flanco e uma equipa a pressionar muito logo na reacção à perda de bola. Ontem ainda não foi possível ver tudo de uma forma tão fluída, mas quando a equipa estiver mais madura veremos, quase de certeza, um Sevilla a praticar um futebol espectácular.
Nesta fase da época, onde a competição é de caracter amigável, o mais importante que os treinadores pretendem para as suas equipas é a evolução do processo de jogo, assimilar novas ideias, melhorar principios e sub-principios e colocar os jogadores na melhor forma física possível, além do entrosamento entre os jogadores. O resultado é importante, mas não significativo.
Esta madrugada ao ver o PSG vs. Real Madrid, fiquei com muita boa impressão do PSG de Unai Emery. Nota-se que as suas ideias de jogo que ele trazia para o clube de Paris estão a ser muito bem absorvidas por todo o grupo, foi bastante visível a forma como os jogadores se relacionavam em campo, quer com bola, quer sem bola. Nada era feito ao acaso, nota-se que há muito dedo do treinador. Unai Emery não rompeu com o passado, mas está a construir uma ideia mais adulta e mais sólida que a anterior de Blanc. Até porque o objetivo do PSG passa por chegar uma final da Liga dos Campeões.
O PSG já está a jogar muito e bem nesta fase ainda prematura da época, o que é bom sinal, pelo menos para os primeiros jogos da competição. Já se vê as linhas orientadores bem definidas, onde pressionar, como e quando, fixar o adversário num corredor para depois virar o centro do jogo para uma zona onde esteja menos adversários, circulação pelos três corredores, verticalidade e muitas combinações entre lateral, médio e extremo. A vitória por 3-1 exemplifica bem a diferença que há, neste momento, entre as duas equipas.
Não há nada melhor para o treinador que perceber que o seu modelo de jogo começa a ficar definido desde logo na pré-época, pelo menos para uma primeira fase da competição, porque o modelo não é estanque, é um processo de evolução ao longo de toda uma época.
Treinar uma ideia de jogo desde o primeiro dia. Começou a pré-época e é muito normal ouvirmos falar nos primeiros dias em cargas físicas. O normal, portanto. Cada vez menos, sobretudo desde 2003 com a chegada de José Mourinho (e Rui Faria) e os seus treinos com inspiração em Vítor Frade, aquilo que foi apelidado de “Periodização táctica”. Procurar desde o dia 1 treinar uma ideia de jogo para que se construa o modelo de jogo. Incorporar a vertente táctica, técnica, física e mental num só e não de forma separada como era normal vermos.
«Vou ser sincero: é a primeira vez, em toda a minha carreira, que, após as férias começamos logo com trabalho de bola e, além disso, estivemos trabalhando a tática. Antes o treino começava sempre com exercícios de corrida, com maior enfoque no físico. Mas acho que isto vai ser melhor.»
Palavras de Bernard, jogador do Shakhtar onde o treinador agora é Paulo Fonseca. Paulo Fonseca começou desde o dia 1 a treinar a sua ideia de jogo e a criar as rotinas de jogo através do treino, englobando todas as vertentes (técnica, táctica, física e mental) num só. Paulo Fonseca sabe que o seu modelo de jogo tem complexidades que têm de ser treinadas desde o dia 1 da pré-época para que quando a competição chegar os jogadores já percebem os movimentos a fazer em organização e transição. No passado sábado fez a sua estreia como treinador da equipa ucrâniana onde jogou em competição oficial pela primeira vez. O resultado não foi favorável ao treinado luso, uma vez que perdeu nas grandes penalidades com o Dínamo de Kiev na estreia. Mas já se viu muitas movimentações no Shakhtar que facilmente descobríamos no Sporting de Braga. Laterais a dar profundidade e largura sobre os corredores, médios-ala por dentro em ataque posicional, um dos médios baixa para iniciar a construção do jogo e outro entre-linhas para uma segunda fase de construção / fase de criação. A defender equipa sempre em 4x4x2 com os médio-ala a defender na linha dos dois médio-centro. Nota-se que já há trabalho feito e será agora um processo de crescimento ao longo da época.
Também Pep Guardiola começou a todo o gás no Manchester City, mas engane-se quem pensa que foi dar umas tareias físicas nos seus pupilos. Nada disso. Logo no primeiro treino começou a educar os seus jogadores para aquilo que Guardiola quer ver os seus jogadores a fazer ao longo da época. À semelhança de Paulo Fonseca também Guardiola começou logo a desenvolver a sua ideia de jogo no dia 1 de treinos para quando a competição chegar os jogadores já terem imensas bases sobre o modelo de jogo de Pep Guardiola.
Terminada que está a febre da Copa América e do Campeonato da Europa - onde venceu Portugal - decidi mudar de imagem e de local onde estava hospedado o 'Ultimo10'. Uma imagem renovada para atacar a nova época, uma imagem mais refrescante.
Espera-se agora uma maior atenção ao futebol dos quatro cantos do Mundo e um maior número de artigos e crónicas sempre que possível. Tentarei trazer o maior conteúdo possível. Desde simples análise a um jogo, artigos de opinião, análise tacticas e observação de novos talentos.
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